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Internet não criou espaço para debate, diz professor


Estudo mapeia debate político em blogs e redes sociais em 2006 e 2008



Para Vladimir Safatle, predomina radicalismo e repressão a ideias dissonantes; discussão se alinha às campanhas





FOLHA DE SÃO PAULO



A promessa política da internet não se realizou, afirma Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP. Safatle é autor de estudos sobre uso da internet nas eleições de 2006 e 2008, feitos em parceria com Marcelo Coutinho, professor da FGV e especialista em internet e política.

Desde que surgiu, a rede mundial de computadores trouxe a esperança de que revitalizaria o debate político público e serviria como espaço de discussão de ideias.

Segundo Safatle, a internet não se configurou como espaço de diálogo, como muitos esperavam, mas de radicalismos exacerbados.

"A internet está mais para grande espaço fragmentado de posições, onde cada território está ocupado por opiniões muito bem definidas e que não entram em contato com ideias diferentes. Manifestações dissonantes são reprimidas ou ignoradas."



ESTUDO

Em sua pesquisa, Safatle e Coutinho monitoraram blogs e comunidades no Orkut e concluíram que a internet é usada para reforçar opiniões já sedimentadas, fornecer material de campanha a militantes e influenciar veículos de comunicação -e não para esclarecer o eleitorado.

"É como se a militância tradicional, off-line, tivesse se deslocado para a internet", diz Safatle. O estudo sobre as eleições de 2008, publicado na "Revista de Sociologia e Política" (outubro de 2009), considerou a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Os pesquisadores acompanharam as comunidades no Orkut com mais de 300 integrantes voltadas para os três candidatos mais votados: Gilberto Kassab, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin.

Descobriram que as 25 comunidades acompanhadas traziam links para 78 outras comunidades político-eleitorais, das quais 11 eram neutras e nenhuma tinha visão diferente sobre o candidato.

Outro dado que eles citam diz respeito aos 1.214 tópicos de discussão: mais de 96% estavam em linha com as comunidades acompanhadas.



BAIXO INTERESSE

As conclusões da pesquisa de 2006 vão na mesma linha, embora a disputa fosse pela Presidência, e os números, bem maiores. Publicado no livro "A Mídia nas Eleições de 2006" (Perseu Abramo, 2007), o estudo também chama a atenção para o baixo interesse por debates políticos.

Dados recentes do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostram que 39% da população tem acesso à rede. Nos EUA, durante as eleições presidenciais de 2008, o acesso à internet estava em torno de 70% dos eleitores.

Segundo Coutinho, esses dados ajudam a explicar por que a internet não teve papel importante nas eleições de 2006 e de 2008 nem deve ter na disputa deste ano.

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